CARTA APOSTÓLICA

PATRIS CORDE

DO PAPA FRANCISCO

POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO
DA DECLARAÇÃO DE SÃO JOSÉ
COMO PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA

Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José».[1]

Os dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura, Mateus e Lucas, narram pouco, mas o suficiente para fazer compreender o género de pai que era e a missão que a Providência lhe confiou.

Sabemos que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13, 55), desposado com Maria (cf. Mt 1, 18; Lc 1, 27); um «homem justo» (Mt 1, 19), sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2, 22.27.39) e através de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Depois duma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo, «por não haver lugar para eles» (Lc 2, 7) noutro sítio. Foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2, 8-20) e dos Magos (cf. Mt 2, 1-12), que representavam respetivamente o povo de Israel e os povos pagãos.

Teve a coragem de assumir a paternidade legal de Jesus, a quem deu o nome revelado pelo anjo: dar-Lhe-ás «o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Entre os povos antigos, como se sabe, dar o nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir um título de pertença, como fez Adão na narração do Génesis (cf. 2, 19-20).

No Templo, quarenta dias depois do nascimento, José – juntamente com a mãe – ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria (cf. Lc 2, 22-35). Para defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2, 13-18). Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré, na Galileia – donde (dizia-se) «não sairá nenhum profeta» (Jo 7, 52), nem «poderá vir alguma coisa boa» (Jo 1, 46) –, longe de Belém, a sua cidade natal, e de Jerusalém, onde se erguia o Templo. Foi precisamente durante uma peregrinação a Jerusalém que perderam Jesus (tinha ele doze anos) e José e Maria, angustiados, andaram à sua procura, acabando por encontrá-Lo três dias mais tarde no Templo discutindo com os doutores da Lei (cf. Lc 2, 41-50).

Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os meus antecessores aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o «Padroeiro da Igreja Católica»,[2] o Venerável Pio XII apresentou-o como «Padroeiro dos operários»;[3] e São João Paulo II, como «Guardião do Redentor».[4] O povo invoca-o como «padroeiro da boa morte».[5]

Assim ao completarem-se 150 anos da sua declaração como Padroeiro da Igreja Católica, feita pelo Beato Pio IX a 8 de dezembro de 1870, gostaria de deixar «a boca – como diz Jesus – falar da abundância do coração» (Mt 12, 34), para partilhar convosco algumas reflexões pessoais sobre esta figura extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós. Tal desejo foi crescendo ao longo destes meses de pandemia em que pudemos experimentar, no meio da crise que nos afeta, que «as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiras e enfermeiros, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. (…) Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos».[6] Todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e gratidão.

  1. Pai amado

A grandeza de São José consiste no facto de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus. Como tal, afirma São João Crisóstomo, «colocou-se inteiramente ao serviço do plano salvífico».[7]

São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu, concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa».[8]

Por este seu papel na história da salvação, São José é um pai que foi sempre amado pelo povo cristão, como prova o facto de lhe terem sido dedicadas numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras. Muitos Santos e Santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele.[9]

Em todo o manual de orações, há sempre alguma a São José. São-lhe dirigidas invocações especiais todas as quartas-feiras e, de forma particular, durante o mês de março inteiro, tradicionalmente dedicado a ele.[10]

A confiança do povo em São José está contida na expressão «ite ad Joseph», que faz referência ao período de carestia no Egito, quando o povo pedia pão ao Faraó e ele respondia: «Ide ter com José; fazei o que ele vos disser» (Gn 41, 55). Tratava-se de José, filho de Jacob, que acabara vendido, vítima da inveja dos seus irmãos (cf. Gn 37, 11-28); e posteriormente – segundo a narração bíblica – tornou-se vice-rei do Egito (cf. Gn 41, 41-44).

Enquanto descendente de David (cf. Mt 1, 16.20), de cuja raiz deveria nascer Jesus segundo a promessa feita ao rei pelo profeta Natan (cf. 2 Sam 7), e como esposo de Maria de Nazaré, São José constitui a dobradiça que une o Antigo e o Novo Testamento.

  1. Pai na ternura

Dia após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer (cf. Os 11, 3-4).

Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sal 103, 13).

Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura,[11] que é bom para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sal 145, 9).

A história da salvação realiza-se, «na esperança para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: «Para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza”» (2 Cor 12, 7-9).

Se esta é a perspetiva da economia da salvação, devemos aprender a aceitar, com profunda ternura, a nossa fraqueza.[12]

O Maligno faz-nos olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura. A ternura é a melhor forma para tocar o que há de frágil em nós. Muitas vezes o dedo em riste e o juízo que fazemos a respeito dos outros são sinal da incapacidade de acolher dentro de nós mesmos a nossa própria fraqueza, a nossa fragilidade. Só a ternura nos salvará da obra do Acusador (cf. Ap 12, 10). Por isso, é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, fazendo uma experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade, mas, se o faz, é para nos condenar. Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos. A Verdade apresenta-se-nos sempre como o Pai misericordioso da parábola (cf. Lc 15, 11-32): vem ao nosso encontro, devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para nós, dando como motivo que «este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado» (Lc 15, 24).

A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe.

  1. Pai na obediência

De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade.[13]

José sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la»,[14] e decide «deixá-la secretamente» (Mt 1, 19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu grave dilema: «Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21). A sua resposta foi imediata: «Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo» (Mt 1, 24). Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria.

No segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar» (Mt 2, 13). José não hesitou em obedecer, sem se questionar sobre as dificuldades que encontraria: «E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até à morte de Herodes» (Mt 2, 14-15).

No Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o aviso prometido para voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num terceiro sonho – depois de o informar que tinham morrido aqueles que procuravam matar o menino –, lhe ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e regresse à terra de Israel (cf. Mt 2, 19-20), de novo obedece sem hesitar: «Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel» (Mt 2, 21).

Durante a viagem de regresso, porém, «tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Então advertido em sonhos – e é a quarta vez que acontece – retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré» (Mt 2, 22-23).

Por sua vez, o evangelista Lucas refere que José enfrentou a longa e incómoda viagem de Nazaré a Belém, devido à lei do imperador César Augusto relativa ao recenseamento, que impunha a cada um registar-se na própria cidade de origem. E foi precisamente nesta circunstância que nasceu Jesus (cf. 2, 1-7), sendo inscrito no registo do Império, como todos os outros meninos.

São Lucas, de modo particular, tem o cuidado de assinalar que os pais de Jesus observavam todas as prescrições da Lei: os ritos da circuncisão de Jesus, da purificação de Maria depois do parto, da oferta do primogénito a Deus (cf. 2, 21-24).[15]

Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsémani.

Na sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (cf. Lc 2, 51), segundo o mandamento de Deus (cf. Ex 20, 12).

Ao longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele aprendeu a fazer a vontade do Pai. Tal vontade torna-se o seu alimento diário (cf. Jo 4, 34). Mesmo no momento mais difícil da sua vida, vivido no Getsémani, preferiu que se cumprisse a vontade do Pai, e não a sua,[16] fazendo-Se «obediente até à morte (…) de cruz» (Flp 2, 8). Por isso, o autor da Carta aos Hebreus conclui que Jesus «aprendeu a obediência por aquilo que sofreu» (5, 8).

Vê-se, a partir de todas estas vicissitudes, que «José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da salvação».[17]

  1. Pai no acolhimento

José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. «Anobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento».[18]

Na nossa vida, muitas vezes sucedem coisas, cujo significado não entendemos. E a nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história. Se não nos reconciliarmos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais um passo, porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes desilusões.

A vida espiritual que José nos mostra, não é um caminho que explica, mas um caminho que acolhe. Só a partir deste acolhimento, desta reconciliação, é possível intuir também uma história mais excelsa, um significado mais profundo. Parecem ecoar as palavras inflamadas de Job, quando, desafiado pela esposa a rebelar-se contra todo o mal que lhe está a acontecer, responde: «Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os males?» (Job 2, 10).

José não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões.

A vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que cada um se reconcilie com a carne da sua história, mesmo quando não a compreende totalmente.

O que Deus disse ao nosso Santo – «José, Filho de David, não temas…» (Mt 1, 20) –, parece repeti-lo a nós também: «Não tenhais medo!» É necessário deixar de lado a ira e a desilusão para – movidos não por qualquer resignação mundana, mas com uma fortaleza cheia de esperança – dar lugar àquilo que não escolhemos e, todavia, existe. Acolher a vida desta maneira introduz-nos num significado oculto. A vida de cada um de nós pode recomeçar miraculosamente, se encontrarmos a coragem de a viver segundo aquilo que nos indica o Evangelho. E não importa se tudo parece ter tomado já uma direção errada, e se algumas coisas já são irreversíveis. Deus pode fazer brotar flores no meio das rochas. E mesmo que o nosso coração nos censure de qualquer coisa, Ele «é maior que o nosso coração e conhece tudo» (1 Jo 3, 20).

Reaparece aqui o realismo cristão, que não deita fora nada do que existe. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora dum sentido da existência com as suas luzes e sombras. É isto que leva o apóstolo Paulo a dizer: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). E Santo Agostinho acrescenta: tudo, «incluindo aquilo que é chamado mal».[19] Nesta perspetiva global, a fé dá significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes.

Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso.

O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sal 68, 6) e manda amar o forasteiro.[20] Posso imaginar ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15, 11-32).

  1. Pai com coragem criativa

Se a primeira etapa de toda a verdadeira cura interior é acolher a própria história, ou seja, dar espaço no nosso íntimo até mesmo àquilo que não escolhemos na nossa vida, convém acrescentar outra caraterística importante: a coragem criativa. Esta vem ao de cima sobretudo quando se encontram dificuldades. Com efeito, perante uma dificuldade, pode-se estacar e abandonar o campo, ou tentar vencê-la de algum modo. Às vezes, são precisamente as dificuldades que fazem sair de cada um de nós recursos que nem pensávamos ter.

Frequentemente, ao ler os «Evangelhos da Infância», apetece-nos perguntar por que motivo Deus não interveio de forma direta e clara. Porque Deus intervém por meio de acontecimentos e pessoas: José é o homem por meio de quem Deus cuida dos primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus salva o Menino e sua mãe. O Céu intervém, confiando na coragem criativa deste homem que, tendo chegado a Belém e não encontrando alojamento onde Maria possa dar à luz, arranja um estábulo e prepara-o de modo a tornar-se o lugar mais acolhedor possível para o Filho de Deus, que vem ao mundo (cf. Lc 2, 6-7). Face ao perigo iminente de Herodes, que quer matar o Menino, de novo em sonhos José é alertado para O defender e, no coração da noite, organiza a fuga para o Egito (cf. Mt 2, 13-14).

Numa leitura superficial destas narrações, a impressão que se tem é a de que o mundo está à mercê dos fortes e poderosos, mas a «boa notícia» do Evangelho consiste precisamente em mostrar como, não obstante a arrogância e a violência dos dominadores terrenos, Deus encontra sempre a forma de realizar o seu plano de salvação. Às vezes também a nossa vida parece à mercê dos poderes fortes, mas o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre salvar aquilo que conta, desde que usemos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré, o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência.

Se, em determinadas situações, parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar.

Trata-se da mesma coragem criativa demonstrada pelos amigos do paralítico que, desejando levá-lo à presença de Jesus, fizeram-no descer pelo teto (cf. Lc 5, 17-26). A dificuldade não deteve a audácia e obstinação daqueles amigos. Estavam convencidos de que Jesus podia curar o doente e, «não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao teto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus. Vendo a fé daqueles homens, disse: “Homem, os teus pecados estão perdoados”» (5, 19-20). Jesus reconhece a fé criativa com que aqueles homens procuram trazer-Lhe o seu amigo doente.

O Evangelho não dá informações relativas ao tempo que Maria, José e o Menino permaneceram no Egito. Mas certamente tiveram de comer, encontrar uma casa, um emprego. Não é preciso muita imaginação para colmatar o silêncio do Evangelho a tal respeito. A Sagrada Família teve que enfrentar problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio que São José seja verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm que deixar a sua terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria.

No fim de cada acontecimento que tem José como protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1, 24; 2, 14.21). Com efeito, Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da nossa fé.[21]

No plano da salvação, o Filho não pode ser separado da Mãe, d’Aquela que «avançou pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz».[22]

Sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria.[23] José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe.

Este Menino é Aquele que dirá: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. E pela mesma razão a Igreja não pode deixar de amar em primeiro lugar os últimos, porque Jesus conferiu-lhes a preferência ao identificar-Se pessoalmente com eles. De José, devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o Menino e sua mãe; amar os Sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres. Cada uma destas realidades é sempre o Menino e sua mãe.

  1. Pai trabalhador

Um aspeto que carateriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho.

Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.

O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?

A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!

  1. Pai na sombra

O escritor polaco Jan Dobraczyński, no seu livro A Sombra do Pai,[24] narrou a vida de São José em forma de romance. Com a sugestiva imagem da sombra, apresenta a figura de José, que é, para Jesus, a sombra na terra do Pai celeste: guarda-O, protege-O, segue os seus passos sem nunca se afastar d’Ele. Lembra o que Moisés dizia a Israel: «Neste deserto (…) vistes o Senhor, vosso Deus, conduzir-vos como um pai conduz o seu filho, durante toda a caminhada que fizeste até chegar a este lugar» (Dt 1, 31). Assim José exerceu a paternidade durante toda a sua vida.[25]

Não se nasce pai, torna-se tal… E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido exercita a paternidade a seu respeito.

Na sociedade atual, muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai. A própria Igreja de hoje precisa de pais. Continua atual a advertência dirigida por São Paulo aos Coríntios: «Ainda que tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais» (1 Cor 4, 15); e cada sacerdote ou bispo deveria poder acrescentar como o Apóstolo: «Fui eu que vos gerei em Cristo Jesus, pelo Evangelho» (4, 15). E aos Gálatas diz: «Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!» (Gl 4, 19).

Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida.

A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança. O seu silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos concretos de confiança. O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração.

A paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que respeite a sua liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que o filho se torna autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca na situação de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só é o vosso “Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23, 9).

Todas as vezes que nos encontramos na condição de exercitar a paternidade, devemos lembrar-nos que nunca é exercício de posse, mas «sinal» que remete para uma paternidade mais alta. Em certo sentido, estamos sempre todos na condição de José: sombra do único Pai celeste, que «faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5, 45); e sombra que acompanha o Filho.

* * *

«Levanta-te, toma o menino e sua mãe» (Mt 2, 13): diz o anjo da parte de Deus a são José.

O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.

Com efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a de conceder milagres e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como fizeram Abraão[26] e Moisés,[27] como faz Jesus, «único mediador» (1 Tm 2, 5), que junto de Deus Pai é o nosso «advogado» (1 Jo 2, 1), «vivo para sempre, a fim de interceder por [nós]» (Heb 7, 25; cf. Rm 8, 34).

Os Santos ajudam todos os fiéis «a tender à santidade e perfeição do próprio estado».[28] A sua vida é uma prova concreta de que é possível viver o Evangelho.

À semelhança de Jesus que disse: «Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), também os Santos são exemplos de vida que havemos de imitar. A isto nos exorta explicitamente São Paulo: «Rogo-vos, pois, que sejais meus imitadores» (1 Cor 4, 16).[29] O mesmo nos diz São José através do seu silêncio eloquente.

Estimulado com o exemplo de tantos Santos e Santas diante dos olhos, Santo Agostinho interrogava-se: «Então não poderás fazer o que estes e estas fizeram?» E, assim, chegou à conversão definitiva exclamando: «Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!»[30]

Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão.

Dirijamos-lhe a nossa oração:

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amen.

 

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, 8 de dezembro do ano de 2020, oitavo do meu pontificado.

Francisco

[1] Lucas4, 22; João 6, 42; cf. Mateus 13, 55; Marcos 6, 3.

[2] Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (8 de dezembro de 1870): ASS 6 (1870-71), 194.

[3] Cf. Discurso às Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos (ACLI) por ocasião da Solenidade de São José Operário (1 de maio de 1955): AAS 47 (1955), 406.

[4] Cf. Exort. ap. Redemptoris custos (15 de agosto de 1989): AAS 82 (1990), 5-34.

[5] Catecismo da Igreja Católica, 1014.

[6] Francisco, Meditação em tempo de pandemia (27 de março de 2020): L’Osservatore Romano (29/III/2020), 10.

[7] Homiliæ in Matthæum, V, 3: PG 57, 58.

[8] Homilia (19 de março de 1966): Insegnamenti di Paolo VI, IV (1966), 110.

[9] Cf. Livro da Vida, 6, 6-8.

[10]Todos os dias, há mais de quarenta anos, depois das Laudes, recito uma oração a São José tirada dum livro francês de devoções, do século XIX, da Congregação das Religiosas de Jesus e Maria, que expressa devoção, confiança e um certo desafio a São José: «Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e difíceis que Vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu Vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amen».

[11] Cf. Deuteronómio4, 31; Salmo 69, 17; 78, 38; 86, 5; 111, 4; 116, 5; Jeremias 31, 20.

[12] Cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium (24 de novembro de 2013), 88; 288: AAS 105 (2013) 1057; 1136-1137.

[13] Cf. Génesis 20, 3; 28, 12; 31, 11.24; 40, 8; 41, 1-32; Números 12, 6; I Samuel 3, 3-10; Daniel 2; 4; Job 33, 15.

[14] Também nestes casos, estava prevista a lapidação (cf. Deuteronómio 22, 20-21).

[15] Cf. Levítico 12, 1-8; Êxodo 13, 2.

[16] Cf. Mateus 26, 39; Marcos 14, 36; Lucas 22, 42.

[17] São João Paulo II, Exort. ap.Redemptoris custos (15 de agosto de 1989), 8: AAS 82 (1990), 14.

[18] Francisco, Homilia na Santa Missa com Beatificações (Villavicencio – Colômbia, 8 de setembro de 2017): AAS 109 (2017), 1061.

[19] «… etiam illud quod malum dicitur», in Enchiridion de fide, spe et caritate, 3.11: PL 40, 236.

[20] Cf. Deuteronómio 10, 19; Êxodo 22, 20-22; Lucas 10, 29-37.

[21] Cf.Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (8 de dezembro de 1870): ASS 6 (1870-71), 193; Beato Pio IX, Carta ap. Inclytum Patriarcham (7 de julho de 1871): ASS 6 (1870-71), 324-327.

[22] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 58.

[23] Cf. Catecismo da Igreja Católica, 963-970.

[24] Edição original: Cień Ojca (Varsóvia 1977).

[25] Cf. São João Paulo II, Exort. ap. Redemptoris custos (15 de agosto de 1989), 7-8: AAS 82 (1990), 12-16.

[26] Cf. Génesis 18, 23-32.

[27] Cf. Êxodo17, 8-13; 32, 30-35.

[28] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 42.

[29] Cf. I Coríntios 11, 1; Filipenses 3, 17; I Tessalonicenses 1, 6.

[30] Confissões, 8,11,17; 10,27,38: PL 32, 761; 795.

APOSTOLIC LETTER

PATRIS CORDE

OF THE HOLY FATHER
FRANCIS

ON THE 150th ANNIVERSARY
OF THE PROCLAMATION OF SAINT JOSEPH
AS PATRON OF THE UNIVERSAL CHURCH

WITH A FATHER’S HEART: that is how Joseph loved Jesus, whom all four Gospels refer to as “the son of Joseph”.[1]

Matthew and Luke, the two Evangelists who speak most of Joseph, tell us very little, yet enough for us to appreciate what sort of father he was, and the mission entrusted to him by God’s providence.

We know that Joseph was a lowly carpenter (cf. Mt 13:55), betrothed to Mary (cf. Mt 1:18; Lk 1:27). He was a “just man” (Mt 1:19), ever ready to carry out God’s will as revealed to him in the Law (cf. Lk 2:22.27.39) and through four dreams (cf. Mt 1:20; 2:13.19.22). After a long and tiring journey from Nazareth to Bethlehem, he beheld the birth of the Messiah in a stable, since “there was no place for them” elsewhere (cf. Lk 2:7). He witnessed the adoration of the shepherds (cf. Lk 2:8-20) and the Magi (cf. Mt 2:1-12), who represented respectively the people of Israel and the pagan peoples.

Joseph had the courage to become the legal father of Jesus, to whom he gave the name revealed by the angel: “You shall call his name Jesus, for he will save his people from their sins” (Mt 1:21). As we know, for ancient peoples, to give a name to a person or to a thing, as Adam did in the account in the Book of Genesis (cf. 2:19-20), was to establish a relationship.

In the Temple, forty days after Jesus’ birth, Joseph and Mary offered their child to the Lord and listened with amazement to Simeon’s prophecy concerning Jesus and his Mother (cf. Lk 2:22-35). To protect Jesus from Herod, Joseph dwelt as a foreigner in Egypt (cf. Mt 2:13-18). After returning to his own country, he led a hidden life in the tiny and obscure village of Nazareth in Galilee, far from Bethlehem, his ancestral town, and from Jerusalem and the Temple. Of Nazareth it was said, “No prophet is to rise” (cf. Jn 7:52) and indeed, “Can anything good come out of Nazareth?” (cf. Jn 1:46). When, during a pilgrimage to Jerusalem, Joseph and Mary lost track of the twelve-year-old Jesus, they anxiously sought him out and they found him in the Temple, in discussion with the doctors of the Law (cf. Lk 2:41-50).

After Mary, the Mother of God, no saint is mentioned more frequently in the papal magisterium than Joseph, her spouse. My Predecessors reflected on the message contained in the limited information handed down by the Gospels in order to appreciate more fully his central role in the history of salvation. Blessed Pius IX declared him “Patron of the Catholic Church”,[2] Venerable Pius XII proposed him as “Patron of Workers”[3] and Saint John Paul II as “Guardian of the Redeemer”.[4] Saint Joseph is universally invoked as the “patron of a happy death”.[5]

Now, one hundred and fifty years after his proclamation as Patron of the Catholic Church by Blessed Pius IX (8 December 1870), I would like to share some personal reflections on this extraordinary figure, so close to our own human experience. For, as Jesus says, “out of the abundance of the heart the mouth speaks” (Mt 12:34). My desire to do so increased during these months of pandemic, when we experienced, amid the crisis, how “our lives are woven together and sustained by ordinary people, people often overlooked. People who do not appear in newspaper and magazine headlines, or on the latest television show, yet in these very days are surely shaping the decisive events of our history. Doctors, nurses, storekeepers and supermarket workers, cleaning personnel, caregivers, transport workers, men and women working to provide essential services and public safety, volunteers, priests, men and women religious, and so very many others. They understood that no one is saved alone… How many people daily exercise patience and offer hope, taking care to spread not panic, but shared responsibility. How many fathers, mothers, grandparents and teachers are showing our children, in small everyday ways, how to accept and deal with a crisis by adjusting their routines, looking ahead and encouraging the practice of prayer. How many are praying, making sacrifices and interceding for the good of all”.[6] Each of us can discover in Joseph – the man who goes unnoticed, a daily, discreet and hidden presence – an intercessor, a support and a guide in times of trouble. Saint Joseph reminds us that those who appear hidden or in the shadows can play an incomparable role in the history of salvation. A word of recognition and of gratitude is due to them all.

1. A beloved father

The greatness of Saint Joseph is that he was the spouse of Mary and the father of Jesus. In this way, he placed himself, in the words of Saint John Chrysostom, “at the service of the entire plan of salvation”.[7]

Saint Paul VI pointed out that Joseph concretely expressed his fatherhood “by making his life a sacrificial service to the mystery of the incarnation and its redemptive purpose. He employed his legal authority over the Holy Family to devote himself completely to them in his life and work. He turned his human vocation to domestic love into a superhuman oblation of himself, his heart and all his abilities, a love placed at the service of the Messiah who was growing to maturity in his home”.[8]

Thanks to his role in salvation history, Saint Joseph has always been venerated as a father by the Christian people. This is shown by the countless churches dedicated to him worldwide, the numerous religious Institutes, Confraternities and ecclesial groups inspired by his spirituality and bearing his name, and the many traditional expressions of piety in his honour. Innumerable holy men and women were passionately devoted to him. Among them was Teresa of Avila, who chose him as her advocate and intercessor, had frequent recourse to him and received whatever graces she asked of him. Encouraged by her own experience, Teresa persuaded others to cultivate devotion to Joseph.[9]

Every prayer book contains prayers to Saint Joseph. Special prayers are offered to him each Wednesday and especially during the month of March, which is traditionally dedicated to him.[10]

Popular trust in Saint Joseph is seen in the expression “Go to Joseph”, which evokes the famine in Egypt, when the Egyptians begged Pharaoh for bread. He in turn replied: “Go to Joseph; what he says to you, do” (Gen 41:55). Pharaoh was referring to Joseph the son of Jacob, who was sold into slavery because of the jealousy of his brothers (cf. Gen 37:11-28) and who – according to the biblical account – subsequently became viceroy of Egypt (cf. Gen 41:41-44).

As a descendant of David (cf. Mt 1:16-20), from whose stock Jesus was to spring according to the promise made to David by the prophet Nathan (cf. 2 Sam 7), and as the spouse of Mary of Nazareth, Saint Joseph stands at the crossroads between the Old and New Testaments.

2. A tender and loving father

Joseph saw Jesus grow daily “in wisdom and in years and in divine and human favour” (Lk 2:52). As the Lord had done with Israel, so Joseph did with Jesus: he taught him to walk, taking him by the hand; he was for him like a father who raises an infant to his cheeks, bending down to him and feeding him (cf. Hos 11:3-4).

In Joseph, Jesus saw the tender love of God: “As a father has compassion for his children, so the Lord has compassion for those who fear him” (Ps 103:13).

In the synagogue, during the praying of the Psalms, Joseph would surely have heard again and again that the God of Israel is a God of tender love,[11] who is good to all, whose “compassion is over all that he has made” (Ps 145:9).

The history of salvation is worked out “in hope against hope” (Rom 4:18), through our weaknesses. All too often, we think that God works only through our better parts, yet most of his plans are realized in and despite our frailty. Thus Saint Paul could say: “To keep me from being too elated, a thorn was given me in the flesh, a messenger of Satan to torment me, to keep me from being too elated. Three times I appealed to the Lord about this, that it would leave me, but he said to me: ‘My grace is sufficient for you, for power is made perfect in weakness’” (2 Cor 12:7-9).

Since this is part of the entire economy of salvation, we must learn to look upon our weaknesses with tender mercy.[12]

The evil one makes us see and condemn our frailty, whereas the Spirit brings it to light with tender love. Tenderness is the best way to touch the frailty within us. Pointing fingers and judging others are frequently signs of an inability to accept our own weaknesses, our own frailty. Only tender love will save us from the snares of the accuser (cf. Rev 12:10). That is why it is so important to encounter God’s mercy, especially in the Sacrament of Reconciliation, where we experience his truth and tenderness. Paradoxically, the evil one can also speak the truth to us, yet he does so only to condemn us. We know that God’s truth does not condemn, but instead welcomes, embraces, sustains and forgives us. That truth always presents itself to us like the merciful father in Jesus’ parable (cf. Lk 15:11-32). It comes out to meet us, restores our dignity, sets us back on our feet and rejoices for us, for, as the father says: “This my son was dead and is alive again; he was lost and is found” (v. 24).

Even through Joseph’s fears, God’s will, his history and his plan were at work. Joseph, then, teaches us that faith in God includes believing that he can work even through our fears, our frailties and our weaknesses. He also teaches us that amid the tempests of life, we must never be afraid to let the Lord steer our course. At times, we want to be in complete control, yet God always sees the bigger picture.

3. An obedient father

As he had done with Mary, God revealed his saving plan to Joseph. He did so by using dreams, which in the Bible and among all ancient peoples, were considered a way for him to make his will known.[13]

Joseph was deeply troubled by Mary’s mysterious pregnancy. He did not want to “expose her to public disgrace”,[14] so he decided to “dismiss her quietly” (Mt 1:19).

In the first dream, an angel helps him resolve his grave dilemma: “Do not be afraid to take Mary as your wife, for the child conceived in her is from the Holy Spirit. She will bear a son, and you are to name him Jesus, for he will save his people from their sins” (Mt 1:20-21). Joseph’s response was immediate: “When Joseph awoke from sleep, he did as the angel of the Lord commanded him” (Mt 1:24). Obedience made it possible for him to surmount his difficulties and spare Mary.

In the second dream, the angel tells Joseph: “Get up, take the child and his mother, and flee to Egypt, and remain there until I tell you; for Herod is about to search for the child, to destroy him” (Mt 2:13). Joseph did not hesitate to obey, regardless of the hardship involved: “He got up, took the child and his mother by night, and went to Egypt, and remained there until the death of Herod” (Mt 2:14-15).

In Egypt, Joseph awaited with patient trust the angel’s notice that he could safely return home. In a third dream, the angel told him that those who sought to kill the child were dead and ordered him to rise, take the child and his mother, and return to the land of Israel (cf. Mt 2:19-20). Once again, Joseph promptly obeyed. “He got up, took the child and his mother, and went to the land of Israel” (Mt 2:21).

During the return journey, “when Joseph heard that Archelaus was ruling over Judea in place of his father Herod, he was afraid to go there. After being warned in a dream” – now for the fourth time – “he went away to the district of Galilee. There he made his home in a town called Nazareth” (Mt 2:22-23).

The evangelist Luke, for his part, tells us that Joseph undertook the long and difficult journey from Nazareth to Bethlehem to be registered in his family’s town of origin in the census of the Emperor Caesar Augustus. There Jesus was born (cf. Lk 2:7) and his birth, like that of every other child, was recorded in the registry of the Empire. Saint Luke is especially concerned to tell us that Jesus’ parents observed all the prescriptions of the Law: the rites of the circumcision of Jesus, the purification of Mary after childbirth, the offering of the firstborn to God (cf. 2:21-24).[15]

In every situation, Joseph declared his own “fiat”, like those of Mary at the Annunciation and Jesus in the Garden of Gethsemane.

In his role as the head of a family, Joseph taught Jesus to be obedient to his parents (cf. Lk 2:51), in accordance with God’s command (cf. Ex 20:12).

During the hidden years in Nazareth, Jesus learned at the school of Joseph to do the will of the Father. That will was to be his daily food (cf. Jn 4:34). Even at the most difficult moment of his life, in Gethsemane, Jesus chose to do the Father’s will rather than his own,[16] becoming “obedient unto death, even death on a cross” (Phil 2:8).  The author of the Letter to the Hebrews thus concludes that Jesus “learned obedience through what he suffered” (5:8).

All this makes it clear that “Saint Joseph was called by God to serve the person and mission of Jesus directly through the exercise of his fatherhood” and that in this way, “he cooperated in the fullness of time in the great mystery of salvation and is truly a minister of salvation.”[17]

4. An accepting father

Joseph accepted Mary unconditionally. He trusted in the angel’s words.  “The nobility of Joseph’s heart is such that what he learned from the law he made dependent on charity. Today, in our world where psychological, verbal and physical violence towards women is so evident, Joseph appears as the figure of a respectful and sensitive man. Even though he does not understand the bigger picture, he makes a decision to protect Mary’s good name, her dignity and her life. In his hesitation about how best to act, God helped him by enlightening his judgment”.[18]

Often in life, things happen whose meaning we do not understand. Our first reaction is frequently one of disappointment and rebellion. Joseph set aside his own ideas in order to accept the course of events and, mysterious as they seemed, to embrace them, take responsibility for them and make them part of his own history. Unless we are reconciled with our own history, we will be unable to take a single step forward, for we will always remain hostage to our expectations and the disappointments that follow.

The spiritual path that Joseph traces for us is not one that explains, but accepts. Only as a result of this acceptance, this reconciliation, can we begin to glimpse a broader history, a deeper meaning. We can almost hear an echo of the impassioned reply of Job to his wife, who had urged him to rebel against the evil he endured: “Shall we receive the good at the hand of God, and not receive the bad?” (Job 2:10).

Joseph is certainly not passively resigned, but courageously and firmly proactive. In our own lives, acceptance and welcome can be an expression of the Holy Spirit’s gift of fortitude. Only the Lord can give us the strength needed to accept life as it is, with all its contradictions, frustrations and disappointments.

Jesus’ appearance in our midst is a gift from the Father, which makes it possible for each of us to be reconciled to the flesh of our own history, even when we fail to understand it completely.

Just as God told Joseph: “Son of David, do not be afraid!” (Mt 1:20), so he seems to tell us: “Do not be afraid!” We need to set aside all anger and disappointment, and to embrace the way things are, even when they do not turn out as we wish. Not with mere resignation but with hope and courage. In this way, we become open to a deeper meaning. Our lives can be miraculously reborn if we find the courage to live them in accordance with the Gospel. It does not matter if everything seems to have gone wrong or some things can no longer be fixed. God can make flowers spring up from stony ground. Even if our heart condemns us, “God is greater than our hearts, and he knows everything” (1 Jn 3:20).

Here, once again, we encounter that Christian realism which rejects nothing that exists. Reality, in its mysterious and irreducible complexity, is the bearer of existential meaning, with all its lights and shadows. Thus, the Apostle Paul can say: “We know that all things work together for good, for those who love God” (Rom 8:28). To which Saint Augustine adds, “even that which is called evil (etiam illud quod malum dicitur)”.[19] In this greater perspective, faith gives meaning to every event, however happy or sad.

Nor should we ever think that believing means finding facile and comforting solutions. The faith Christ taught us is what we see in Saint Joseph. He did not look for shortcuts, but confronted reality with open eyes and accepted personal responsibility for it.

Joseph’s attitude encourages us to accept and welcome others as they are, without exception, and to show special concern for the weak, for God chooses what is weak (cf. 1 Cor 1:27). He is the “Father of orphans and protector of widows” (Ps 68:6), who commands us to love the stranger in our midst.[20]  I like to think that it was from Saint Joseph that Jesus drew inspiration for the parable of the prodigal son and the merciful father (cf. Lk 15:11-32).

5. A creatively courageous father

If the first stage of all true interior healing is to accept our personal history and embrace even the things in life that we did not choose, we must now add another important element: creative courage. This emerges especially in the way we deal with difficulties. In the face of difficulty, we can either give up and walk away, or somehow engage with it. At times, difficulties bring out resources we did not even think we had.

As we read the infancy narratives, we may often wonder why God did not act in a more direct and clear way. Yet God acts through events and people.  Joseph was the man chosen by God to guide the beginnings of the history of redemption. He was the true “miracle” by which God saves the child and his mother. God acted by trusting in Joseph’s creative courage. Arriving in Bethlehem and finding no lodging where Mary could give birth, Joseph took a stable and, as best he could, turned it into a welcoming home for the Son of God come into the world (cf. Lk 2:6-7). Faced with imminent danger from Herod, who wanted to kill the child, Joseph was warned once again in a dream to protect the child, and rose in the middle of the night to prepare the flight into Egypt (cf. Mt 2:13-14).

A superficial reading of these stories can often give the impression that the world is at the mercy of the strong and mighty, but the “good news” of the Gospel consists in showing that, for all the arrogance and violence of worldly powers, God always finds a way to carry out his saving plan. So too, our lives may at times seem to be at the mercy of the powerful, but the Gospel shows us what counts. God always finds a way to save us, provided we show the same creative courage as the carpenter of Nazareth, who was able to turn a problem into a possibility by trusting always in divine providence.

If at times God seems not to help us, surely this does not mean that we have been abandoned, but instead are being trusted to plan, to be creative, and to find solutions ourselves.

That kind of creative courage was shown by the friends of the paralytic, who lowered him from the roof in order to bring him to Jesus (cf. Lk 5:17-26). Difficulties did not stand in the way of those friends’ boldness and persistence. They were convinced that Jesus could heal the man, and “finding no way to bring him in because of the crowd, they went up on the roof and let him down with his bed through the tiles into the middle of the crowd in front of Jesus. When he saw their faith, he said, ‘Friend, your sins are forgiven you’” (vv. 19-20). Jesus recognized the creative faith with which they sought to bring their sick friend to him.

The Gospel does not tell us how long Mary, Joseph and the child remained in Egypt. Yet they certainly needed to eat, to find a home and employment. It does not take much imagination to fill in those details. The Holy Family had to face concrete problems like every other family, like so many of our migrant brothers and sisters who, today too, risk their lives to escape misfortune and hunger. In this regard, I consider Saint Joseph the special patron of all those forced to leave their native lands because of war, hatred, persecution and poverty.

At the end of every account in which Joseph plays a role, the Gospel tells us that he gets up, takes the child and his mother, and does what God commanded him (cf. Mt 1:24; 2:14.21). Indeed, Jesus and Mary his Mother are the most precious treasure of our faith.[21]

In the divine plan of salvation, the Son is inseparable from his Mother, from Mary, who “advanced in her pilgrimage of faith, and faithfully persevered in her union with her Son until she stood at the cross”.[22]

We should always consider whether we ourselves are protecting Jesus and Mary, for they are also mysteriously entrusted to our own responsibility, care and safekeeping. The Son of the Almighty came into our world in a state of great vulnerability. He needed to be defended, protected, cared for and raised by Joseph. God trusted Joseph, as did Mary, who found in him someone who would not only save her life, but would always provide for her and her child. In this sense, Saint Joseph could not be other than the Guardian of the Church, for the Church is the continuation of the Body of Christ in history, even as Mary’s motherhood is reflected in the motherhood of the Church.[23] In his continued protection of the Church, Joseph continues to protect the child and his mother, and we too, by our love for the Church, continue to love the child and his mother.

That child would go on to say: “As you did it to one of the least of these who are members of my family, you did it to me” (Mt 25:40).  Consequently, every poor, needy, suffering or dying person, every stranger, every prisoner, every infirm person is “the child” whom Joseph continues to protect. For this reason, Saint Joseph is invoked as protector of the unfortunate, the needy, exiles, the afflicted, the poor and the dying.  Consequently, the Church cannot fail to show a special love for the least of our brothers and sisters, for Jesus showed a particular concern for them and personally identified with them. From Saint Joseph, we must learn that same care and responsibility. We must learn to love the child and his mother, to love the sacraments and charity, to love the Church and the poor. Each of these realities is always the child and his mother.

6. A working father

An aspect of Saint Joseph that has been emphasized from the time of the first social Encyclical, Pope Leo XIII’s Rerum Novarum, is his relation to work. Saint Joseph was a carpenter who earned an honest living to provide for his family. From him, Jesus learned the value, the dignity and the joy of what it means to eat bread that is the fruit of one’s own labour.

In our own day, when employment has once more become a burning social issue, and unemployment at times reaches record levels even in nations that for decades have enjoyed a certain degree of prosperity, there is a renewed need to appreciate the importance of dignified work, of which Saint Joseph is an exemplary patron.

Work is a means of participating in the work of salvation, an opportunity to hasten the coming of the Kingdom, to develop our talents and abilities, and to put them at the service of society and fraternal communion. It becomes an opportunity for the fulfilment not only of oneself, but also of that primary cell of society which is the family. A family without work is particularly vulnerable to difficulties, tensions, estrangement and even break-up. How can we speak of human dignity without working to ensure that everyone is able to earn a decent living?

Working persons, whatever their job may be, are cooperating with God himself, and in some way become creators of the world around us. The crisis of our time, which is economic, social, cultural and spiritual, can serve as a summons for all of us to rediscover the value, the importance and necessity of work for bringing about a new “normal” from which no one is excluded. Saint Joseph’s work reminds us that God himself, in becoming man, did not disdain work. The loss of employment that affects so many of our brothers and sisters, and has increased as a result of the Covid-19 pandemic, should serve as a summons to review our priorities. Let us implore Saint Joseph the Worker to help us find ways to express our firm conviction that no young person, no person at all, no family should be without work!

7. A father in the shadows

The Polish writer Jan Dobraczyński, in his book The Shadow of the Father,[24] tells the story of Saint Joseph’s life in the form of a novel. He uses the evocative image of a shadow to define Joseph. In his relationship to Jesus, Joseph was the earthly shadow of the heavenly Father: he watched over him and protected him, never leaving him to go his own way. We can think of Moses’ words to Israel: “In the wilderness… you saw how the Lord your God carried you, just as one carries a child, all the way that you travelled” (Deut 1:31). In a similar way, Joseph acted as a father for his whole life.[25]

Fathers are not born, but made. A man does not become a father simply by bringing a child into the world, but by taking up the responsibility to care for that child. Whenever a man accepts responsibility for the life of another, in some way he becomes a father to that person.

Children today often seem orphans, lacking fathers. The Church too needs fathers. Saint Paul’s words to the Corinthians remain timely: “Though you have countless guides in Christ, you do not have many fathers” (1 Cor 4:15). Every priest or bishop should be able to add, with the Apostle: “I became your father in Christ Jesus through the Gospel” (ibid.). Paul likewise calls the Galatians: “My little children, with whom I am again in travail until Christ be formed in you!” (4:19).

Being a father entails introducing children to life and reality. Not holding them back, being overprotective or possessive, but rather making them capable of deciding for themselves, enjoying freedom and exploring new possibilities. Perhaps for this reason, Joseph is traditionally called a “most chaste” father. That title is not simply a sign of affection, but the summation of an attitude that is the opposite of possessiveness. Chastity is freedom from possessiveness in every sphere of one’s life. Only when love is chaste, is it truly love. A possessive love ultimately becomes dangerous: it imprisons, constricts and makes for misery. God himself loved humanity with a chaste love; he left us free even to go astray and set ourselves against him. The logic of love is always the logic of freedom, and Joseph knew how to love with extraordinary freedom. He never made himself the centre of things. He did not think of himself, but focused instead on the lives of Mary and Jesus.

Joseph found happiness not in mere self-sacrifice but in self-gift. In him, we never see frustration but only trust. His patient silence was the prelude to concrete expressions of trust. Our world today needs fathers. It has no use for tyrants who would domineer others as a means of compensating for their own needs. It rejects those who confuse authority with authoritarianism, service with servility, discussion with oppression, charity with a welfare mentality, power with destruction. Every true vocation is born of the gift of oneself, which is the fruit of mature sacrifice. The priesthood and consecrated life likewise require this kind of maturity. Whatever our vocation, whether to marriage, celibacy or virginity, our gift of self will not come to fulfilment if it stops at sacrifice; were that the case, instead of becoming a sign of the beauty and joy of love, the gift of self would risk being an expression of unhappiness, sadness and frustration.

When fathers refuse to live the lives of their children for them, new and unexpected vistas open up. Every child is the bearer of a unique mystery that can only be brought to light with the help of a father who respects that child’s freedom. A father who realizes that he is most a father and educator at the point when he becomes “useless”, when he sees that his child has become independent and can walk the paths of life unaccompanied. When he becomes like Joseph, who always knew that his child was not his own but had merely been entrusted to his care. In the end, this is what Jesus would have us understand when he says: “Call no man your father on earth, for you have one Father, who is in heaven” (Mt 23:9).

In every exercise of our fatherhood, we should always keep in mind that it has nothing to do with possession, but is rather a “sign” pointing to a greater fatherhood. In a way, we are all like Joseph: a shadow of the heavenly Father, who “makes his sun rise on the evil and on the good, and sends rain on the just and on the unjust” (Mt 5:45). And a shadow that follows his Son.

* * *

“Get up, take the child and his mother” (Mt 2:13), God told Saint Joseph.

The aim of this Apostolic Letter is to increase our love for this great saint, to encourage us to implore his intercession and to imitate his virtues and his zeal.

Indeed, the proper mission of the saints is not only to obtain miracles and graces, but to intercede for us before God, like Abraham[26] and Moses[27], and like Jesus, the “one mediator” (1 Tim 2:5), who is our “advocate” with the Father (1 Jn 2:1) and who “always lives to make intercession for [us]” (Heb 7:25; cf. Rom 8:34).

The saints help all the faithful “to strive for the holiness and the perfection of their particular state of life”.[28] Their lives are concrete proof that it is possible to put the Gospel into practice.

Jesus told us: “Learn from me, for I am gentle and lowly in heart” (Mt 11:29). The lives of the saints too are examples to be imitated. Saint Paul explicitly says this: “Be imitators of me!” (1 Cor 4:16).[29] By his eloquent silence, Saint Joseph says the same.

Before the example of so many holy men and women, Saint Augustine asked himself: “What they could do, can you not also do?” And so he drew closer to his definitive conversion, when he could exclaim: “Late have I loved you, Beauty ever ancient, ever new!”[30]

We need only ask Saint Joseph for the grace of graces: our conversion.

Let us now make our prayer to him:

Hail, Guardian of the Redeemer,
Spouse of the Blessed Virgin Mary.
To you God entrusted his only Son;
in you Mary placed her trust;
with you Christ became man.

Blessed Joseph, to us too,
show yourself a father
and guide us in the path of life.
Obtain for us grace, mercy and courage,
and defend us from every evil. Amen.

Given in Rome, at Saint John Lateran, on 8 December, Solemnity of the Immaculate Conception of the Blessed Virgin Mary, in the year 2020, the eighth of my Pontificate.

Franciscus


 

[1] Lk 4:22; Jn 6:42; cf. Mt 13:55; Mk 6:3.

[2] S. RITUUM CONGREGATIO, Quemadmodum Deus (8 December 1870): ASS 6 (1870-71), 194.

[3] Cf. Address to ACLI on the Solemnity of Saint Joseph the Worker (1 May 1955): AAS 47 (1955), 406.

[4] Cf. Apostolic Exhortation Redemptoris Custos (15 August 1989): AAS 82 (1990), 5-34.

[5] Catechism of the Catholic Church, 1014.

[6] Meditation in the Time of Pandemic (27 March 2020): L’Osservatore Romano, 29 March 2020, p. 10.

[7] In Matthaeum Homiliae, V, 3: PG 57, 58.

[8] Homily (19 March 1966): Insegnamenti di Paolo VI, IV (1966), 110.

[9] Cf. Autobiography, 6, 6-8.

[10] Every day, for over forty years, following Lauds I have recited a prayer to Saint Joseph taken from a nineteenth-century French prayer book of the Congregation of the Sisters of Jesus and Mary. It expresses devotion and trust, and even poses a certain challenge to Saint Joseph: “Glorious Patriarch Saint Joseph, whose power makes the impossible possible, come to my aid in these times of anguish and difficulty. Take under your protection the serious and troubling situations that I commend to you, that they may have a happy outcome. My beloved father, all my trust is in you. Let it not be said that I invoked you in vain, and since you can do everything with Jesus and Mary, show me that your goodness is as great as your power. Amen.”

[11] Cf. Deut 4:31; Ps 69:16; 78:38; 86:5; 111:4; 116:5; Jer 31:20.

[12] Cf. Apostolic Exhortation Evangelii Gaudium (24 November 2013), 88288: AAS 105 (2013), 1057, 1136-1137.

[13] Cf. Gen 20:3; 28:12; 31:11.24; 40:8; 41:1-32; Num 12:6; 1 Sam 3:3-10; Dan 2, 4; Job 33:15.

[14] In such cases, provisions were made even for stoning (cf. Deut 22:20-21).

[15] Cf. Lev 12:1-8; Ex 13:2.

[16] Cf. Mt 26:39; Mk 14:36; Lk 22:42.

[17] SAINT JOHN PAUL II, Apostolic Exhortation Redemptoris Custos (15 August 1989), 8: AAS 82 (1990), 14.

[18] Homily at Mass and Beatifications, Villavicencio, Colombia (8 September 2017): AAS 109 (2017), 1061.

[19] Enchiridion de fide, spe et caritate, 3.11: PL 40, 236.

[20] Cf. Deut 10:19; Ex 22:20-22; Lk 10:29-37.

[21] Cf. S. RITUUM CONGREGATIO, Quemadmodum Deus (8 December 1870): ASS 6 (1870-1871), 193; BLESSED PIUS IX, Apostolic Letter Inclytum Patriarcham (7 July 1871): l.c., 324-327.

[22] SECOND VATICAN ECUMENICAL COUNCIL, Dogmatic Constitution on the Church Lumen Gentium, 58.

[23] Catechism of the Catholic Church, 963-970.

[24] Original edition: Cień Ojca, Warsaw, 1977.

[25] Cf. SAINT JOHN PAUL II, Apostolic Exhortation Redemptoris Custos, 7-8: AAS 82 (1990), 12-16.

[26] Cf. Gen 18:23-32.

[27] Cf. Ex 17:8-13; 32:30-35.

[28] SECOND VATICAN ECUMENICAL COUNCIL, Dogmatic Constitution Lumen Gentium, 42.

[29] Cf. 1 Cor 11:1; Phil 3:17; 1 Thess 1:6.

[30] Confessions, VIII, 11, 27: PL 32, 761; X, 27, 38: PL 32, 795.