ARQUIVOS

Arquivo do Seminário de São José

O Seminário de São José da Diocese do Algarve, apesar das vicissitudes históricas e de épocas bastante conturbadas, conseguiu preservar e manter, até aos dias de hoje o seu Arquivo, permitindo fazer uma leitura contínua da vida desta casa e das pessoas que a constituíram, desde a sua fundação até aos nossos dias.

O Arquivo é constituído por um vasto conjunto de documentos: Regulamentos ou Regras do Seminário; Livros de Matrículas, Anotações e Avaliação dos seus alunos, Livros de Contas; Tombos; Fichas de Alunos; Atas das sessões ou reuniões de Conselhos Literários e das Equipas Formadoras; Livros de Registos; Descrições de intervenções de modernização, conservação e restauro do Edifício; entre muitos outros que nos ajudam a compreender o que foi a vida da comunidade e do edifício ao longo de mais de dois séculos de existência.

De entre os vários documentos, destacam-se, pelo seu valor histórico e afetivo, a conservação dos primeiros documentos do Seminário de São José da Diocese do Algarve: as “Regras do Seminário Episcopal do Algarve”, assinadas, seladas e escritas pelo próprio punho de D. Francisco Gomes do Avelar (06.III.1797); as “Obrigações do porteiro do Seminário e do Pedagogo”, igualmente escritas pela pena de D. Francisco Gomes do Avelar; o “Livro por onde hade constar da abertura do Seminário, e mais acontecimentos que houver dignos de memoria”; entre outros.

Arquivo Musical do Seminário de São José

O Seminário de São José da Diocese do Algarve guarda um acervo de partituras manuscritas que se encontra catalogado no RISM (Répertoire International des Sources Musicales) e digitalmente disponível em www.rism.info .

Maioritariamente, o fundo é constituído por 106 cópias manuscritas de obras de compositores portugueses de música sacra desde o final do século XVIII até meados do século XIX. Guarda ainda 10 manuscritos autógrafos e 7 possíveis autógrafos. De entre estes, notabilizam-se peças de João José Baldi (destacado compositor que foi Mestre de Capela na Sé de Faro entre 1794 e 1800) e de Marcos Portugal. Este fundo arquivístico testemunha também a importância do mecenato cultural do Bispo D. Francisco Gomes do Avelar.

 

Referido na Enciclopédia da Música em Portugal no século XX, “este fundo, catalogado segundo as normas do RISM, contém livros litúrgicos, numerosas partituras manuscritas, das quais apenas se catalogaram as datadas até meados do séc. XIX. Trata-se de uma amostragem representativa do repertório litúrgico praticado na Sé de Faro, maioritariamente pelos alunos do Seminário de Faro, desde finais do séc. XVIII, altura em que J. J. Baldi foi mestre de capela da Sé. O fundo manuscrito consiste basicamente em cópias dos compositores mais conhecidos da música sacra portuguesa, sobressaindo as do próprio Baldi, assim como de outros autores como D. Frei Joaquim Meneses de Ataíde, bispo de Elvas, lnácio António Ferreira de Lima, Nicolau Ribeiro Passo Vedro, Francisco Peres, José do Espírito Santo Oliveira, João Evangelista Pereira da Costa e Frei Manuel de Santo Elias. A música autógrafa reduz-se praticamente a algumas partituras do professor do seminário Tomás de Aquino Lobo de Matos e Abreu. Cópias da Missa defunctis de Jomelli e as Paixões de Francisco Luís são exemplos da circulação por todo o país de obras da música litúrgica apreciada em Portugal. Maços numerosos de música manuscrita dos sécs. XIX e XX, ainda por estudar, documentam fundos provenientes de personalidades eclesiásticas ou instituições musicais da região” (Artigo de José Maria Pedrosa Cardoso, in Enciclopédia da Música em Portugal no século XX, Direcção de Salwa el-Shawan Castelo-Branco, Temas e Debates, Lisboa, 2010).

O Arquivo Musical do Seminário de S. José da Diocese do Algarve foi alvo de profundo e especializado tratamento, sob o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, segundo critérios musicológicos científicos, nos anos de 1992 e 1993, trabalho orientado por José Maria Pedrosa Cardoso.